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A Arte da Negociação: Primeiras impressões

Com base em apenas dois episódios, A Arte da Negociação já se firma como uma das estreias mais instigantes de 2025 e já chega mostrando a que veio.

Com uma narrativa inteligente, personagens carismáticos e um cenário onde o campo de batalha são as salas de reuniões. Assim, os episódios iniciais nos mergulham em um jogo de poder que prende do começo ao fim.

Estrelada por Lee Je-hoon no papel do brilhante negociador Yoon Joo-no, a trama aposta alto ao colocar seu protagonista no centro de uma crise financeira que ameaça destruir um império empresarial.

Nesses primeiros episódios, acompanhamos o retorno de Joo-no à Coreia após um misterioso exílio no Havaí. Três anos longe do conglomerado Sanin Group, ele é chamado de volta como última esperança para salvar a empresa de uma dívida bilionária. Mas, como rapidamente percebemos, esta não será uma missão simples.

O que se desenrola é um retrato fascinante do mundo das fusões e aquisições (M&A), onde estratégias, alianças e traições são mais letais do que qualquer arma.

Intrigas e alianças: a construção de um novo time

Um dos pontos mais fortes de A Arte da Negociação está na forma como constrói rapidamente sua base narrativa.

Ainda nos primeiros minutos, somos apresentados a um conflito interno entre duas facções poderosas dentro do Sanin Group. De de um lado, o CFO ambicioso Ha Tae-soo, que deseja vender todas as subsidiárias da empresa (menos a lucrativa Sanin Construction). Do outro lado, o silencioso mas influente CCO Lee Dong-jin, aliado do presidente e figura-chave para o retorno de Joo-no.

Neste contexto, Joo-no não apenas precisa apresentar uma nova estratégia, como também montar um time que esteja disposto a lutar ao seu lado. É aqui que conhecemos personagens cativantes como Kwak Min-jung, uma analista talentosa relegada a um cargo inferior por ter sido leal a Joo-no no passado. Então tempos Oh Soon-young, um advogado tão pacífico quanto competente, que acredita em reconciliação até quando isso significa prejuízo financeiro. Completando o quarteto, temos o estagiário Choi Jin-soo, cuja sinceridade e ousadia conquistam o líder logo de cara.

A dinâmica entre os quatro é um verdadeiro achado, pois cada personagem traz uma energia distinta. Juntos eles formam um grupo com química visível, onde a confiança e a colaboração são tão importantes quanto a competência técnica.

O jogo do poder coorporativo em A Arte da Negociação

O coração da série é, sem dúvida, o jogo de xadrez corporativo que se desenrola nas salas de reunião. O roteiro é habilidoso ao nos mostrar como decisões friamente calculadas podem impactar milhares de vidas — e como, por trás de cada número, há interesses pessoais, manipulações e traições. A Arte da Negociação não romantiza o mundo dos negócios: ela o expõe em toda a sua crueza.

Um bom exemplo disso está na escolha ousada de Joo-no de vender justamente a Sanin Construction, empresa mais valiosa do grupo e que o CFO queria preservar. A decisão não só desafia os planos do rival como também impõe uma nova lógica à estratégia de salvação da empresa. A partir daí, acompanhamos encontros tensos com executivos hostis, sabotagens internas, investigações discretas e reviravoltas que testam a paciência e habilidade de todos os envolvidos.

Mesmo diante de obstáculos — como a tentativa de desacreditar a venda ao revelar um plano de reurbanização parado — Joo-no se mostra um líder que pensa à frente. Ele antecipa problemas e já chega às reuniões com soluções preparadas. É essa visão estratégica que sustenta o apelido de “ceifador grisalho” e faz de A Arte da Negociação um deleite para quem aprecia tramas com inteligência política.

Um elenco afiado e personagens fora do óbvio

Muito do carisma da série vem do elenco afiado e da direção precisa. Lee Je-hoon está impecável como Joo-no, transmitindo uma calma quase assustadora mesmo diante das maiores pressões. Sua atuação sutil, mas carregada de intensidade, contrasta com a performance explosiva de Jang Hyun-sung como o CFO Ha — um personagem claramente obcecado pelo poder, mas que carece da autoridade moral para liderar.

Sung Dong-il, como o presidente Song Jae-sik, brilha nos momentos em que mistura sarcasmo, frustração e paternalismo. Ele deixa no ar a pergunta: ele está testando Joo-no ou simplesmente preparando terreno para sua saída? Já Kim Dae-myung, como o advogado Soon-young, traz uma leveza que equilibra os momentos mais tensos e ajuda a manter a série acessível mesmo para quem não entende nada de economia.

Outro ponto positivo está na construção dos personagens secundários, que fogem dos estereótipos comuns em dramas corporativos. Min-jung, por exemplo, não é uma “mulher fria e calculista”, mas sim uma profissional apaixonada por números e leal à sua equipe. E até o jovem Jin-soo, que poderia facilmente ser o alívio cômico desnecessário, ganha profundidade ao mostrar que sua impulsividade é fruto de idealismo e não burrice.

Enredo inteligente e divertido

Ao explorar os bastidores sombrios das grandes corporações, a série entrega um drama intenso, inteligente e surpreendentemente divertido. O humor sutil, inserido nos momentos mais improváveis, impede que a trama se torne excessivamente densa e ajuda a tornar os personagens mais humanos.

Claro, nem tudo são flores. A trilha sonora, por exemplo, peca pelo exagero em certas cenas — a música de fundo muitas vezes rouba a atenção dos diálogos, criando um contraste desnecessário com o tom já dramático da narrativa. Mas esse detalhe técnico é facilmente perdoado diante da excelência do roteiro, da direção e, principalmente, das atuações.

O que mais impressiona é que, apesar de todo o destaque dado a Joo-no, a série não tenta transformá-lo em um herói infalível. Pelo contrário: a trama mostra que seu verdadeiro poder está na liderança e na capacidade de confiar em sua equipe. E esse enfoque colaborativo é um dos grandes trunfos da série, tornando-a não só mais realista, mas também mais envolvente.

Primeiras impressões de A Arte da Negociação

Se os primeiros episódios são indicativos do que está por vir, então podemos esperar uma temporada repleta de reviravoltas, embates verbais afiados e decisões que farão os espectadores prenderem a respiração.

A Arte da Negociação já demonstra que sabe muito bem como equilibrar tensão e humanidade, estratégia e emoção. E se depender de Joo-no e seu time, o Sanin Group ainda tem muitas cartas para jogar.

Para quem busca um dorama diferente, com ritmo dinâmico e um olhar afiado sobre o mundo corporativo, A Arte da Negociação é um prato cheio. E com uma estreia tão promissora, fica difícil não querer apertar o play no próximo episódio imediatamente.

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