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O Murmúrio Azul: Resenha e opinião

O Murmúrio Azul é um C-drama de 2022 de romance e fantasia — o estilo que mais gosto — que comecei a assistir lá nessa época, mas só vim terminar de assistir agora!

A verdade é que por alguma razão a história inicial não me prendeu, então fiz uma pausa e comecei a assistir outro, dizendo comigo mesma que retomaria ele mais tarde. Mas então começou outro, e depois outro e assim deixei esse no esquecimento.

Como gosto muito da Dilraba, acabei me deparando com esse drama novamente esse ano e então resolvi dar mais uma chance, afinal esse é o tipo de história que eu realmente aprecio.

Uma fantasia romântica

Os doramas de fantasia chineses (ou xianxia) costuma dividir opiniões. Para alguns, a magia, os deuses e as bestas espirituais criam um cenário épico e envolvente. Para outros, a suspensão de descrença exigida é grande demais.

O Murmúrio Azul chega nesse cenário carregando uma estética deslumbrante, uma história de amor proibido e uma boa dose de intrigas, sacrifícios e reviravoltas. Mas será que entrega tudo o que promete?

Nesta resenha, vou mostrar os pontos fortes e fracos dessa superprodução estrelada por Dilraba Dilmurat (A Mulher do Rei) e Ren Jialun (Allen Ren), refletindo sobre sua narrativa, atuações e impacto emocional.

Com spoilers moderados, o texto analisa a obra com profundidade para quem quer saber se vale a pena investir quase 40 horas nesta jornada.

O Murmúrio Azul c-drama

Sinopse: entre o céu e o mar, um amor impossível

Em O Murmúrio Azul, o mundo imortal está dividido entre dois clãs: os imortais celestiais, que prezam pela ordem e retidão, e os imortais terrenos, mais instáveis e rebeldes. Para conter os imortais terrenos, é criada uma elite de mestres espirituais encarregados de domá-los. Amor entre essas duas “espécies”? Terminantemente proibido.

É nesse cenário que conhecemos Yun He (Dilraba Dilmurat), uma mestra espiritual da renomada Vila das Flores, famosa por persuadir os imortais terrenos com palavras e empatia, e não com violência. Seu rival é Hao Qing, filho do mestre da vila, que representa o lado mais rígido da doutrina espiritual.

Quando um tritão — Chang Yi (Allen Ren) — é capturado e levado para ser domado, Yun He é encarregada de ganhar sua confiança. Só que há uma exigência cruel da cruel Fada Shunde: que a cauda do tritão seja cortada.

O que começa como uma missão estratégica se transforma em paixão. Yun He e Chang Yi desenvolvem sentimentos profundos, mas o peso das regras e as consequências inevitáveis dessa união os levam a decisões drásticas. No momento crucial, Yun He se sacrifica para salvar Chang Yi — mas ele acredita ter sido traído, e o ódio toma o lugar do amor.

Uma história que vai além do romance

Embora o cerne da trama seja o romance entre uma humana e um tritão, O Murmúrio Azul não se resume a isso.

O enredo é recheado de segredos, disputas de poder, reviravoltas e motivações ocultas. A história se divide em duas partes — e embora essa estrutura funcione bem em termos de transição narrativa, há problemas de ritmo.

A Parte 1 é envolvente, com bom equilíbrio entre ação, construção de personagens e romance. Já a Parte 2 sofre com uma queda de ritmo significativa nos primeiros episódios, apresentando uma Yun He enfraquecida e melancólica por tempo demais.

Quando finalmente a história engrena de novo, o clímax chega, mas o desfecho — especialmente o reencontro dos protagonistas — é apressado e vago.

Não há uma explicação clara sobre o que exatamente aconteceu com Yun He na lava, e a série aposta na sutileza e na dedução do público. Isso pode funcionar para alguns, mas para outros, falta um fechamento mais elaborado, especialmente quanto ao destino dos vilões.

Atuações: bons momentos, mas química discreta

Dilraba Dilmurat é uma atriz já consagrada no papel de mulheres fortes e independentes. Em O Murmúrio Azul, ela entrega uma Yun He inteligente, estrategista e emocionalmente contida. Sua atuação é sólida, embora sem grandes momentos de brilho.

Ren Jialun, por sua vez, convence como o inocente e doce tritão Chang Yi na primeira parte. No entanto, quando precisa interpretar um personagem frio e atormentado na segunda metade, falta intensidade. A dor interna do personagem não transparece tanto quanto deveria.

Quanto à química entre os protagonistas, ela é morna. Não chega a comprometer a história, mas também não é o tipo de casal que faz o coração acelerar. Comparada à química entre Dilraba e Leo Wu em A Lenda de Fei ou The Long Ballad, a conexão aqui parece menos genuína. Curiosamente, alguns espectadores apontam mais sintonia entre Yun He e o personagem secundário Hao Qing, interpretado por Xiao Shun Yao, o que confere uma camada a mais de ambiguidade emocional à trama.

Um destaque indiscutível vai para Cristy Guo, que interpreta a vilã Fada Shunde. Ela incorpora a crueldade e a obsessão de sua personagem com maestria, sendo o tipo de antagonista que você adora odiar. Bem, eu realmente a detestava!

Aspectos técnicos

Se há algo em que O Murmúrio Azul acerta em cheio, é na produção. Os efeitos visuais, figurinos e ambientações são belíssimos. A estética do drama, desde as águas mágicas que cercam Chang Yi até os campos floridos da vila espiritual, transporta o espectador para um mundo de fantasia envolvente.

Nas cenas computadorizadas, especialmente nas cenas submarinas, é bem executado e não compromete a imersão. A trilha sonora também contribui para o clima místico e romântico. Eu adorei demais e tenho ouvido sem parar.

Para quem é — e para quem não é — O Murmúrio Azul

Se você é fã do gênero xianxia, vai encontrar em O Murmúrio Azul um prato cheio: conflitos entre imortais, transformações místicas, sacrifícios altruístas e reviravoltas constantes. Porém, se você tem pouca tolerância para personagens que “morrem e revivem”, pode se incomodar. O drama exagera nesse recurso, com várias ressurreições que diminuem o impacto emocional das perdas.

Diferente de obras como Eternal Love (Dez Mil Milhas de Flores de Pêssego), que sabe dosar bem os sacrifícios e suas consequências, O Murmúrio Azul apela em alguns momentos para soluções fáceis.

Veredito: vale a pena assistir?

O Murmúrio Azulé uma produção bem feita, com um mundo rico, personagens interessantes e um enredo que, apesar de tropeços, prende a atenção. Sua proposta de romance proibido não é nova, mas os elementos adicionais — vingança, segredos, lealdade e destino — tornam a jornada válida.

O maior pecado talvez seja a falta de profundidade emocional entre o casal principal. O romance, embora presente, não emociona como poderia. Por outro lado, o conjunto da obra, com seus visuais exuberantes e narrativa coerente, garante entretenimento de qualidade.

Para mim, apesar de tudo, é um xianxia inesquecível e cativante o suficiente para que eu possa recomendá-lo. E, mesmo que você não se apaixone pelos protagonistas, com certeza encontrará algo neste mundo mágico que vai tocar seu coração — nem que seja o ódio pela vilã ou a empatia por personagens secundários que brilham mais que o casal central.

Se você gosta de doramas com boa produção, um toque de drama épico e reviravoltas constantes, essa pode ser sua próxima maratona.

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