“Querido Hongrang” me pegou de surpresa. O que parecia ser apenas mais um drama de época coreano rapidamente se revelou uma história densa, cheia de camadas, reviravoltas e dilemas morais.
Sinto que teria muito mais a dizer se tivesse escrito essa resenha assim que terminei “Querido Hongrang”, mas aqui estamos nós mesmo assim e vou tentar contar um pouco dos pontos fortes e fracos do drama.
Particularmente, não esperava que o drama me prendesse e então, mais uma vez, despretensiosamente comecei a assistir um novo k-drama sem muitas expectativas (confesso que tenho dropado muitos dramas ultimamente). E admito que só fui assistir por conta do Lee Jae-wook.
Contudo, caí do cavalo e devorei três episódios de uma só vez e só parei porque já não sou tão jovem e não aguento mais entrar pela madrugada, como fazia antes.
Com elementos de mistério, fantasia, intriga política e até romance, a série mergulha em temas delicados como identidade, trauma, abuso e a eterna busca por pertencimento.
Querido Hongrang: Sinopse
“Querido Hongrang” conta a história de Hongrang (Lee Jae-wook, de Alquimia das Almas), herdeiro de uma poderosa família de comerciantes da dinastia Joseon, que desaparece misteriosamente quando criança.
Anos depois, ele retorna como um jovem de 20 anos sem memória do passado. Essa volta desperta a desconfiança de sua meia-irmã Jae-Yi (Jo Bo-ah), que começa a investigar a verdade por trás do seu desaparecimento.
A série explora temas de identidade, mistério e romance em meio a intrigas políticas e familiares.
Um começo promissor e visualmente impecável
Logo nos primeiros episódios, fui fisgado pela proposta central: o herdeiro desaparecido de um poderoso clã retorna anos depois, sem memórias e cercado por suspeitas.
A ambientação da dinastia Joseon, com seus figurinos deslumbrantes, cenários luxuosos e trilha sonora envolvente, dá o tom certo para essa jornada que mistura o sobrenatural com o drama familiar.
O trabalho de direção de arte estava simplesmente impecável. Cada detalhe — das roupas à iluminação em cenas à luz de velas — ajuda a construir uma atmosfera envolvente.
Destaque para o uso simbólico das cores: Hongrang quase sempre vestido de branco, simbolizando morte e perda, enquanto Jae Yi aparece em tons pálidos, como alguém que perdeu a esperança.
Atuações que entregam tudo
Lee Jae Wook e Jo Bo Ah brilham em seus papéis. Lee entrega um Hongrang atormentado, com um olhar perdido entre a culpa e o desejo de ser aceito. Já Jo Bo Ah interpreta Jae Yi com uma mistura de força, dor e determinação comovente — sua luta incansável para descobrir a verdade sobre o irmão é o fio condutor mais emocionante da trama.
Mas quem realmente roubou a cena pra mim foi Kim Jae Wook como o vilão. Ele está simplesmente brilhante em um papel insano, quase demoníaco, que lembra bastante sua performance em “Death’s Game”. É daqueles antagonistas que causam arrepios.
Temos também Mu-jin, adotado pelo pai de Hongrang algum tempo depois que este desapareceu. Ele é interpretado por Jung Ga-ram (Investimento de Risco). Esse ator também é bastante conhecido por atuar em Love Alarme e particularmente acho que em “Querido Hongrang” ele teve melhor oportunidade de mostrar seu talento.
O incômodo dilema do romance
Aqui está o ponto mais polêmico da série — e, sinceramente, o que mais me incomodou. A relação entre Hongrang e Jae Yi começa como um laço fraternal, mas aos poucos desliza para um envolvimento romântico.
Mesmo que a trama deixe claro que eles não são irmãos de sangue, ainda assim o incômodo é inevitável, pois por boa parte da história Jae Yi acredita que ele é seu irmão. Essa ambiguidade não é bem resolvida, deixando o espectador numa zona moral bastante desconfortável.
Não é que o romance seja mal atuado — muito pelo contrário. A química entre os dois existe, e os momentos de afeto são intensos. Mas a forma como isso é conduzido, sem a devida clareza, compromete a experiência emocional e cria uma quebra estranha na narrativa.
Vale a pena assistir?
“Querido Hongrang” é, sem dúvida, um drama que se destaca pela sua estética, atuações e uma premissa instigante. Ele oferece cenas de tirar o fôlego e personagens bem construídos, além de provocar reflexões sobre identidade, coragem e verdade.
Se você curte dramas históricos com mistério, tensão emocional e uma pitada de fantasia, certamente vai encontrar momentos memoráveis aqui. Só esteja preparado para lidar com certas escolhas narrativas controversas e um final que pode não agradar a todos.